17.3.11

GAM

Subtítulo: "Irrita-me tanto o desprezo que esta gente tem pela conversa". Este é um post de irritação, aviso já. E de retraimento também.
GAM = gay asian male. Falo do que se passa na net, porque é a realidade que conheço. Já me asseguraram, no entanto, e eu comprovo-o pela noite hetero, que nos bares se passa o mesmo. O (homem) HongKonger é o primeiro a fazer a distinção entre Ocidente e Oriente, e a vincá-lo com insistência. GAM e GW[hite]M são as duas categorias em que cada um se insere, ou prefere que um se insira (piada fácil, pois; não quero saber). O marketing começa aqui, na divisão dos mercados. Depois, como num catálogo detalhadíssimo, o que se quer, o que se exige, o que se oferece, está lá, simples e directo, sem cuidado de apresentação. Odeio esta falta de eloquência.
Da "conversa" pouco adianta dizer. Faz-se em estilo ping-pong, é desinteressada, é telegráfica, é deselegante, e redunda invariavelmente no mesmo tema (make an educated guess).
Fiz esta experiência com alguns amigos: pedi-lhes que percorressem o dito catálogo online e que me dissessem o que achavam. Deslumbrante à primeira vista. Não admira. O tempo que eles passam nos ginásios e nas compras é impressionante; não, é mesmo impressionante! - ultrapassa o razoável até para o mais metrossexual dos portugueses. Não admira, por isso, que o dito catálogo online se pareça, na verdade, com um da Abercrombie asiática.
[Nesta altura acho por bem referir a minha discordância com aquele gay-dogma que diz que nunca se pode ser demasiado musculado. Nestas coisas da aparência e da atracção (como eu e o Natcho temos vindo a discutir) é difícil e perigoso generalizar. Pessoalmente, acho que o dogma é errado; que o desejável equilíbrio entre figura, cara, corpo, pose e estilo não se atinge necessariamente na base do "more is more". Estes asiáticos convenceram-me definitivamente disso.]
Irrita-me a sensação de compra por catálogo, irrita-me a embalagem que esconde a vulgaridade, irrita-me a falta de empenho e de excitação que até em conversas mais porcas se escusam de entreter!

[segundo parêntesis: conheço bem a mesma realidade virtual (e outras) em Portugal, e tudo o que digo é em relação a ela, não em absoluto. É o facto de ser ainda mais básica, mais impessoal, mais alheia a sofisticações que aqui me queixo.]
Por fim, fica a saudade dos meninos lusitanos e da(s) sua(s) personalidade(s!). De todas as subcategorias e estilos em que se vêm representados (que, sim, prejudicam a individualidade; mas sempre preferíveis a uma única e sufocante tendência que a extingue completamente). Saudades dos meus hipsters incompreendidos, dos meus revolucionariozinhos (com carinho) de extrema esquerda, dos meus intelectuais sarcásticos e ressabiados, dos meus (pseudo) artistas e dos seus (pseudo) problemas existenciais, dos meus betinhos inocentes e inacessíveis, dos meus emos tragicamente estridentes... Adoro-os a todos de uma maneira nada saudável, mas adoro-os. E adoro a sua profunda complexidade, e os seus problemas, e os nossos choques e (pseudo) conflitos .
Juro tratar-vos com mais consideração assim que voltar. Para vocês, 

4 comentários:

João Roque disse...

Já ouviste falar em clones?
Fabricam-se em ginásios...

virgil disse...

Ahahahah! Posso gravar isso numa t-shirt? muito bom

Unknown disse...

oh páh, dos ressabiados não. é preciso apanharem-me num dia bom.

virgil disse...

eu divirto-me bastante x)